Gostosa simplicidade do Reino

18 junho 2008

Quem se ergue na ponta dos pés desejando se mostrar, não pode ficar por muito tempo nessa posição, pois logo cansará.

Quem abre demais as pernas não pode andar direito, assim como aquele que deseja abraçar o mundo com as pernas.

Quem se interpõe na luz não pode luzir, pois só projeta sombra.

Quem reivindica valor a si mesmo não é valorizado por ninguém.

Quem se julga importante acaba por não merecer importância.

Quem se louva a si mesmo não é grande, mas muito, muito pequeno.

Tais atitudes são detestáveis no Reino de Deus. Jesus disse que são abominação aos poderes celestes.

Assim, fuja também você de todas essas coisas, pois parecem inocentes, mas destroem o caminho da verdadeira vida.

Quem tem consciência da sua dignidade — que é ser veículo do amor de Deus —, abstém-se de tais atitudes e atos, pois sabe que eles não combinam com os céus.

O caminho para diminuir alguém começa por primeiro engrandecê-lo. Por isto, os que querem abater alguém, primeiro bajulam-no e fortalecem-no.

Os maus sabem que para fazer cair alguém deve-se primeiro exaltá-lo.

Os de bom coração, todavia, sabem que para receber algo, deve-se primeiro dá-lo.

Tudo o que é bom nesta vida deve antes ser amadurecido pelo tempo e pelo amor.

O homem fraco-flexível é mais forte que o forte e rígido, e que arrogantemente anda conforme sua própria força.

Também fique sabendo o seguinte:

Quem vive nas profundezas do seu ser nem pensa em "virtuosidade", pois dele brotam espontaneamente as íntimas forças da vida.

Quem vive na superfície do existir não pode fazer brotar as forças profundas de dentro de seu ser.

Quem vive nos abismos angustiados da sua alma acaba por ignorar a bondade no seu agir.

Quem vive na superfície da sua alma age egoisticamente, visando fins externos.

O amor impele ao agir, mas não quer nada para si.

O direito impele ao agir e, se não consegue o que quer, recorre à violência.

Por esta razão reconheça que quem não tem visão de Deus age por virtuosidade pessoal. Mas quem conhece a Deus não tem virtuosidade própria, por isso age pelo amor e pela misericórdia.

Quem nem disto é capaz, obedece a ritos e tradições!

Mas a dependência de ritualismos é o menor grau da consciência. É mesmo o início da decadência. Quem julga poder substituir pela inteligência a cultura do coração, se torna idiota, duro e insensato.

Sendo assim, fica sabendo que o homem de Deus age por uma lei interna, e não por mandamentos externos. Bebe as águas da fonte, e não dos canais secundários. Sim, essa pessoa vai sempre à origem das coisas, e não se satisfaz com as águas trazidas por canais artificiais.

Não há um versículo bíblico no que está dito, mas alguém pode negar que esse seja o espírito do Evangelho?

Quem pratica esse espírito em seu agir, ver e interpretar, esse encontra paz, e cada vez mergulha mais profundamente no conhecimento de Deus.

O Evangelho só realiza o seu benefício quando deixa de ser doutrina, e se torna espírito e vida.

O justo vive por esta fé!

Caio

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