A revolução do sal

01 outubro 2007

É quase uma afronta descrever ou pelo menos citar algumas das propriedades do sal, pois, todos o sabemos bem. Temperar, preservar, dar sabor, isto é, não permitir que o alimento seja insosso, sem gosto. Também é quase um desrespeito ao leitor lembrar que, encontrar uma pelota de sal em meio à refeição é horrível, desfigura o paladar, não se sente o sabor do alimento, mas, a sensação acida, forte, que muitas das vezes, inclusive, se a quantidade de sal for grande, perde-se o apetite.

Sabe-se também, claro, não há novidade nisto que, sal em quantidade adequada provoca aquela sede natural, mas sal em quantidade exagerada provoca uma sede anormal. Bem, isto pra dizer que, o sal precisa ser em quantidades adequadas, e, quanto menos for visto, sentido, melhores os sabores, os aromas, os gostos. Significa dizer que o sal quanto mais ele desaparece no meio de uma boa refeição, mas saborosa será a refeição.

Podemos afirmar que o sal para ser útil tem que ser diluído a ponto de desaparecer e não ser visto, apenas notado no sabor do alimento.  Penso que deva ser assim com um seguidor de Jesus de Nazaré. Ele, o Cristo, disse: "VÓS SOIS O SAL DA TERRA" Sal em quantidade suficiente. Sal diluído, Sal esparramado. Sal que desaparece, mas, preserva e tempera de modo que todos percebem.

Em face aos acontecimentos destes terríveis dias. De fato, estes tem sido dias ruins, tristes, trágicos, doloridos, muitos dos seguidores de Jesus de Nazaré lançam mão de bandeiras sociais, suscitam discussões e reflexões nos meios de comunicações. Promovem-se debates, fóruns. Cobram os políticos, religiosos, empresários e aqueles que de uma forma ou de outra são formadores de opinião para que estes levantem outras tantas bandeiras na tentativa desesperada de conter a violência e os males decorrentes de uma sociedade decadente como a nossa. Acho isto tudo bom, interessante, tem seu valor. Não poucas vezes foram em ocasiões como estas que inserimos no contexto da sociedade leis e ações que de uma forma ou de outra trazem algum beneficio a população mais agredida por este ambiente de guerra que vivemos.

No entanto, penso eu, cabe aos seguidores de Jesus de Nazaré, ser sal e sendo sal desencadearem a REVOLUÇÃO DO SAL. Como uma espécie de "corrente do bem". Até porque, o que vemos é a tal ponta do icibergue. É no que não vemos e que na maioria das vezes somos coniventes é que estão os mais graves sinais de injustiça e violência que desembocam em ações que se tornam manchetes na mídia.

Sou pela REVOLUÇÃO DO SAL. Sou pelo sal diluído no meio da sociedade. Sou pelo sal temperando relacionamentos, acordos, negócios, decisões, ações. Sou pelo sal dando novos sabores aos cem números de pequenas ações de injustiça que permeiam toda nossa sociedade inclusive e para mim  de maneira gravíssima..a família e a igreja. Não poucas vezes observamos a injustiça nestas relações que deveriam ser as mais sadias. Sou pelo sal desaparecendo no meio da sociedade. Sou pelo sal diluído na vida. Sou pelo sal invisível mais sentido em todos os setores da existência.

Lamento que hoje o sal se mostre em pelotas, montes, morros, montanhas. Lamento que o sal ganhou a visibilidade  nas mídias. Lamento que o sal faz de tudo para ser visto. Lamento que o sal tomou forma e ficou maior que a refeição. Sou pela REVOLUÇÃO DO SAL. Quieta, na medida, invisível, em pequenas porções, em todo lugar, o tempo todo. São pelo sal fora do saleiro.

Sou pelo sal dentro de panela da vida onde tudo esta acontecendo. Sou pelo sal nas ruas, nos becos, nas encruzilhadas, nas esquinas, nas favelas, nos cortiços, nos condomínios, no transito, noite e dia. Sou pelo sal em quantidades suficientes para temperar e preservar. Sou pelo sal que não estraga e tira o sabor da vida. Sou pela REVOLUÇÃO DO SAL.

Acredito nesta revolução. Não acredito em campanhas, em marchas, passeatas, acredito no sal que desaparece na vida das pessoas. No sal que não é visto. No sal que acrescenta mesmo que invisível como a Graça de Deus, acrescenta SABOR A VIDA.  Tomara esta revolução aconteça antes que o sal se torne insípido e seja pisado pelos homens. Que o Eterno se apiede de todos nós.

Carlos Bregantim – Estação São Paulo
Artigo publicado no
Vida Acadêmica

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