No Cordeiro até o lago de fogo é belo!
04 outubro 2007
"Onde está ó morte a tua vitória?"
[Paulo citando a esperança da Escritura]
Este mundo, mesmo caído, mesmo gemendo, angustiado desde seus magmas, aflito desde os seus pólos, deprimidos em todas as suas cidades, e suicida em todas as suas construções de progresso, sendo mundo cosmos assim como também mundo de seres vivos, incluindo os humanos, é ainda assim absolutamente extraordinário.
Cada dia olho à volta, e viajo de belezas estéticas a feiúras comportamentais, ou de contemplações sublimes até ao choque triste ante a capacidade auto-destrutiva da pessoa humana.
Entretanto, ainda assim, vejo muita beleza. É estranho, mas vejo beleza até no caos, até na catástrofe, até na percepção da cegueira humana.
O que vejo em tudo é uma sabedoria em curso, mesmo que as expressões imediatas sejam de perda. De fato, nada será perdido; pois, se Deus é amor e se o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo, então, no Fim, tudo será como no Princípio; ou seja: tudo será Nele. E Nele nada se perde; pois, Ele é Aquele que Vive.
Existe o mal e existem os males. Mas cada um deles, ou mesmo o próprio mal e o mau, não sabem a profundidade do Mistério de Deus, pois, estão cegos em suas trevas; visto que o diabo é o anjo cego pelo orgulho.
No fim até o que for extinto será reunido ao Principio, pois, tudo o que passou a ser, um dia foi no Cordeiro mesmo que sem ainda ser para o próprio ser finito, o qual só é sendo. Assim, a extinção só extingue o ser que não desejou o ser.
Por isso até o caos carrega beleza e escolha da vida. E isto é assim quando o olhar passa a ver o Princípio como Fim e passa a ver o Fim como Princípio; pois, quem tiver desejado ser em Deus, em Deus será; e quem não o tiver desejado, em Deus também não será sendo..., embora passe a ser não-sendo... Assim, tudo volta para Deus. E Deus É. Portanto, até o que se extingue se extingue em Deus. Extinção absoluta só seria possível se possível fosse que algo não fosse em Deus. Nesse caso, se Nada fosse o oposto de Deus, então o Deus Nada seria Deus. Dessa forma é que Nada também é Nada em Deus.
Vendo a vida assim, se entrega a existência à causa do ser e de sua preservação em Deus, mediante a escolha do caminho menos desejado, que é a vereda do amor e da Graça. Entretanto, até aquilo que parece ser o oposto do que seja bom, ainda assim, passa a ser visto como parte de um trabalho de amor que não teme podar, limpar ou mesmo jogar no fogo — tudo em amor.
Quando a fé nos converte o olhar, tudo perde o poder da morte e da lamuria, e algo novo nasce, e, com tal novo olhar vem a percepção de que mesmo o que nos pareça estranho e ligado à dor, que sempre é vista como ruim, nada mais é que manifestação do amor de Deus operando para nossa escolha da Vida, salvando-nos de uma existência sem vida aqui, e sem eternidade além.
Pense nisto!
Caio