O discípulo psíquico e o discípulo pneumático

09 setembro 2007

Quem me tem lido ultimamente deve estar notando minha ênfase na diferenciação entre a vida do Homem Psíquico [Natural] e a do Homem Pneumático [Espiritual].


Escrevendo antes de qualquer outro antes dele, Paulo diz que há discípulos de Jesus que vivem ainda na alma, e há aqueles que vivem no espírito e no Espírito.


Acerca do Discípulo Psíquico Paulo diz o seguinte:
Ele crê em Jesus numa certa medida; aceitou a idéia de que Jesus, pelo Seu poder, provou que era Deus; e foi educado a ter "Deus" na vida; por isso, pela prova do Poder; pela satisfação na lógica doutrinária; pela necessidade de Deus na alma; e pelos encontros humanos que acontecem quando alguém se aproxima da fé [e, para muitos, constituem o único grupo social de convívio] — muita gente fica; e crê no que crê; e vai aprendendo a fé como ensino pedagógico; e passa a falar o que sabe; e, assim, se compromete social e publicamente com a fé pela confissão assistida por muitos; e, por tal razão, envolve-se mais profundamente com a comunidade; o que leva a pessoa a subir na escala das percepções de terceiros e, depois, das importâncias; desse modo assim surgindo mais um Discípulo Psíquico; e que ensinará a outros o que aprendeu; embora, de fato, isto não se traduza em paz, em segurança, em consciência firme e segura; em certeza para a vida; em relação com Deus; em entendimento do sentido simples e revolucionário do Evangelho; e, tampouco, o faça pacificado em seu ser; pois, apesar de tudo isso, o Discípulo Psíquico ainda vive a experiência de Deus como ele vive a experiência psíquica de um relacionamento humano importante [nem sempre essencial]; e, por isso, prova Deus com a alma, com as emoções e com os serviços prestados a Ele no meio do povo, mas, ainda assim, a pessoa não passou da alma; e, por tal fato existencial, ela vive à mercê de impressões, opiniões, percepções de terceiros; angustiada porque é invejosa, ciumenta, possessiva, implicante, crescentemente hostil; e, ao mesmo tempo, sempre lasciva, sempre sexualmente meio imprensada no ventre pelo estranho peso de desejos; ao mesmo tempo em que na vida social a pessoa tenta se mostrar digna de um bom testemunho; ao mesmo tempo em que na "igreja-comunidade" ela, a pessoa, começa a experimentar cada vez mais intensamente a necessidade de ser percebida como aquilo que ela não é; e, assim, nasce o Discípulo Psíquico Engajado; um crente-homem-natural, mas que pode ser o Arcebispo de qualquer coisa.


O Discípulo Psíquico é religioso na maioria das vezes, pois, a alma pede ritos; pois, assim como o corpo pede água e pão, ela come símbolos.


Já o Discípulo Pneumático não é assim. Ele pode até já ter sido um Discípulo Psíquico que discerniu e fez a virada; entretanto, a maioria dos que se tornam Discípulos Pneumáticos já são assim em razão da qualidade essencial da experiência de Deus que tiveram pela fé desde o inicio.


Paulo, por exemplo, fez uma viagem diferente da de Pedro, que foi de homem natural a homem espiritual. Paulo, entretanto, já nasceu para além do homem natural; como tenho visto acontecer com muitos e muitos.


Paulo simplifica a descrição de tal ser apenas dizendo que ele vive pela fé no Filho de Deus que o amou e a Si mesmo se entregou por ele; e mais: que tal revelação sempre se faz acompanhar do fruto do amor; e, o amor é espiritual; pois Deus é amor. Por isso o Discípulo Pneumático é filho exclusivamente do dogma do amor. E, para ele, qualquer outra via é inviável.


Ora, o Discípulo Pneumático é um ser Psíquico também; e, portanto, se emociona, chora, ri, gargalha, experimenta solidão, sente necessidade de amigos, deseja e quer ser desejado em amor, tem sonhos, gosta do que gosta e prefere o que prefere; e tudo o mais que é como a alma gosta — todavia, conforme se vê na existência de Paulo, tão aparentes em suas cartas, tais coisas da alma podem e devem ser conduzidas pelo espírito; e, em tal caso, não são elas que determinam o andar e o agir [reagir] da pessoa, mas sim a sua consciência; sempre dando preferência à sabedoria que ao mero impulso ou desejo; e, desse modo, tendo sempre a chance de não se condenar naquilo que aprove; pois, no amor não há a vontade de chocar ou de ferir ninguém; ao mesmo tempo em que como o amor é o condutor da verdade de Deus, a pessoa também não deixa de buscar crescer serena e sensatamente naquilo que aprova, conferindo sempre coisas espirituais com coisas espirituais; de modo que ela não se sente mais julgada por ninguém, posto que ela mesmo julga em si todas as coisas.


Assim é o caminho do Discípulo Pneumático. Nesse ponto a pessoa goza sem machucar; alegra-se sem ofender; chora sem se lamuriar; enfrenta sem se fazer inimigo; e aprecia tudo o que faz bem, e não apenas o que é sensorialmente gostoso apenas.


Ora, pelo que está acima, por coisas outras ditas anteriormente, e por milhares de outras razões ainda a serem declaradas, é que estou dizendo tudo o que nos últimos dias tem sido a minha ênfase acerca da alma e do espírito; isto tudo não na intenção de desintegrá-los; ao contrário, na intenção de integrá-los, pois, a vida abundante vem da integração de todas as dimensões no Espírito Santo — e isto inclui nosso corpo-ser: lugar síntese da integração visível de nosso ser total.


Pense nisso!


Caio

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