Sim, profetas hoje!

31 outubro 2007

"Eles dizem aos videntes: 'Não tenham mais visões!' e aos profetas: 'Não nos revelem o que é certo! Falem-nos coisas agradáveis, profetizem ilusões'...., e parem de confrontar-nos com o Santo o Santo de Israel!" Is 30.10,11 (NVI)


 

Encontro nesta passagem duas atitudes relevantes que foram marcas de uma geração, e que acredito, devemos cultivar de modo a perpetuá-las nos dias de hoje, pois creio que são inerentes à consciência profética que há no Evangelho. Quais são elas? A primeira, diz respeito à atitude de "revelar o que é certo", ou seja, naquele tempo, o profeta era aquele que recebia de Deus a revelação de sua vontade e com ousadia era conclamado a proclamar esta verdade. Em segundo lugar, percebo que o profeta assume a postura de "confrontar o povo com base na verdade", sendo um instrumento para mostrar a situação pecaminosa do povo, conduzindo-o ao arrependimento. Portanto, dito isso... Entendo que, independente do fato dos contextos histórico-social e cultural serem diferentes, tais características devem ser observadas e requeridas na função profética nos atuais dias, pois a natureza humana se mantém inalterável.

Vejo que o exercício do papel profético na geração de hoje é tão fundamental quanto o foi nos tempos do Antigo Testamento. O fato que torna pertinente tal papel, é que somos "seres humanos", e como tal, mantemos resquícios de uma natureza pecaminosa que se perpetua desde aqueles dias. É esta natureza que nos leva a agir como o povo de Israel, que queria ouvir palavras que lhes fossem agradáveis. Somos reflexo de "uma imposição moderna que nos leva a produzir aquilo que o povo deseja" (cf. 2Tm 4.3,4). A igreja hoje é uma igreja-teatro que produz palavras agradáveis, fruto de uma época denominada "a sociedade do espetáculo" (Jean Baudrillard). Neste contexto encontramos muitos "profetas da bênção", como aqueles do tempo do rei Acabe que proclamavam as palavras desejadas por ele. Mas, houve um "profeta verdadeiro" diante daquela situação, que foi Micaías, e este disse: "Juro pelo nome do Senhor que direi o que o Senhor me mandar".

Os tempos atuais nos desafiam. É preciso refletir a respeito da prática profética, e creio que a atitude de Micaías se faz necessária nos nossos dias, a situação pede e não devemos nos omitir, e muito menos nos calar. Todos somos profetas, pois somos convocados a proclamar o Evangelho de Cristo, "revelando a verdade de Deus que confronta o pecado e produz (verdadeira) mudança". Talvez, nos falte a atitude do profeta Jeremias. Para ele, as palavras de Deus estavam em primeiro plano e elas ardiam em seu coração. Eram como fogo em sua boca e o povo como lenha que o fogo consome. Diante das situações, Jeremias não suportava conter a palavra de Deus, ele tinha de falar! "Meu coração está partido dentro de mim; todos os meus ossos tremem. Sou como um bêbado, como um homem dominado pelo vinho, por causa do Senhor e de suas santas palavras". "Ah, minha angústia, minha angústia! Eu me contorço de dor. Ó paredes do meu coração! O meu coração dispara dentro de mim; não posso ficar calado [...]". Assim era Jeremias, um homem de carne e osso que aprendeu a ouvir a palavra de Deus e a não guardá-la para si, mas se entregava como portador da mesma para que Deus confrontasse o povo, os líderes e sacerdotes daquela época, mesmo sabendo que muitos não gostavam de ouvi-la. Que assim seja conosco!

Que o Senhor nos abençoe!

Chico.

Feed
Gostou?! Então, volte à página inicial e deixe seu comentário...

  © Customizado à mão por Francisco Pacheco. Designer original: 'Newspaper II' by Ourblogtemplates.com 2008

Topo